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Você é uma pessoal literal?

Cris Viana | 12:15 PM |

Pessoa literal é a com tendência de pegar as coisas muito ao pé da letra. Isso é normal até certo ponto nas crianças. O que dizemos para elas é recebido por elas como verdade e literal. E num adulto? O que pode ser bom ou ruim funcionar muito literalmente?
Anos atrás vi um livro numa livraria e lamento não tê-lo comprado porque nunca mais vi esse livro. Era literatura infantil e o(a) autor(a) foi muito criativo(a). Havia desenhos que tentavam expressar o que seria a imaginação da criança quando ela escuta uma frase como “chover canivetes”, “pagar o pato”, “tá russo!”, etc. Por exemplo, na página do livro com a frase “pagar o pato”, que sabemos significar, em gíria, a pessoa ter que arcar com as consequências de suas atitudes ou escolhas, havia uma mão dando dinheiro a um pato. Na página da frase “chover canivetes” havia o desenho de canivetes caindo do céu.
A criança e as outras pessoas muito literais recebem assim o que lhe é dito, com literalidade, ao pé da letra. Na criança isso é normal porque ela não sabe entender a subjetividade das coisas, e por isso pega muito objetivamente o que lhe é dito. Aliás, é muito importante nunca mentir para uma criança, o que não é o mesmo que ter que dizer toda a verdade. Por exemplo, algo que parece besteira, e que pode marcar negativamente a mente da criança, é a mãe estando ocupada em casa e o filhinho de 6 anos atender o telefone que é para ela, ela dizer ao filho para dar o recado: “Ah! Mamãe está muito ocupada agora! Diga que não estou!” Essa mentira confunde a criança, normalmente honesta, pura, sem maldade. E perturba a confiança dela na mãe ou pai que mente.
O adulto literal e a criança demasiadamente literal, podem ser pessoas que não conseguiram ainda flexibilizar as comunicações sociais. Podem ser vítimas de pais exigentes, severos, perfeccionistas, racionais, que não dão espaço para a afetividade, que é o recheio das relações humanas. Em relacionamentos com falta desse recheio, o que sobra é a literalidade. Ou seja, uma conclusão da realidade à partir de uma mente mais rígida, menos flexível, literal.
Ser literal é viver pela letra da lei e isso pode ser exigente não só para as outras pessoas que convivem com o indivíduo literal, mas para ele mesmo, porque falta o “óleo” ou a “graxa amaciante” da incorporação das emoções na vida social. Por isso é que as pessoas legalistas são duras em seus contatos com os outros, e com certeza consigo mesmas.
A pessoa literal precisa ser ajudada a flexionar, reduzir a cobrança interna, praticar a misericórdia consigo e com os outros. Nas suas declarações talvez ela pegue pesado, e mesmo ao dizer algo verdadeiro ela pode ser dura, como que atacando. Geralmente ela não quer ser assim, mas acostumou-se desse jeito e pode ser que demore a perceber seu jeito de ser literal, rígido e duro nas relações humanas e, repito, consigo mesma.
Não é uma questão de culpa, ou seja, não adianta culpar-se, se você é assim, ou culpar uma pessoa assim por ela ser literal. Ela se tornou assim por alguma necessidade possivelmente desde a infância. Se ela viveu num ambiente familiar “perfeccionista”, com uma mãe ou pai com mania de limpeza e arrumação, em que nada estava fora de ordem, ela pode ter aprendido que precisava ser “certa”, e isso pode significar ser literal porque ela teria que viver dentro da letra da lei, sem nenhum espaço para expressar emoção, seja de zanga, de discordância, ou de prazer, porque emoções geralmente ameaçam as pessoas literais e podem incomodar as perfeccionistas. Elas não sabem lidar bem com sentimentos, mas sabem lidar muito bem com pensamentos, ordens, regras.
Descubra se você é literal, pensando no que você mais pensa (conteúdo), na maneira como você pensa (forma) e funciona no seu relacionamento consigo mesmo e com os outros (atitude). Se perceber que dá explicações demais, dá muitos detalhes, se sente fechado(a) para expressar afeto, acha que os comentários são contra você, pega a coisa muito pesado, muito ao pé da letra, talvez seja hora de flexibilizar, relevar, aliviar a pressão consigo mesmo, relaxar, deixar que as pessoas se virem também sem você ter que estar sendo detalhista e perfeito(a) para que elas não se irritem, ou cobrem coisas de você. Deixe que elas assumam suas próprias (delas) reações emocionais, sem você ter que ser literal para “salvá-las”.

Fonte: Dr. César Vasconcellos


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