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Fui escravo de satanás

Radio Advento | 5:30 AM |

Angelim em sua oficina de conserto de calçados

“Eu comecei a ser procurado, porque eu dizia o  nome  das pessoas e o que elas  foram fazer lá. Falava coisas sobre a vida delas que as deixavam maravilhadas. Eu também curava muita gente”
Ele me recebeu em  sua  oficina de conserto de calçados, profissão que  seu Angelim - como  é  conhecido pelos amigos – o Paulista Ângelo Barreiro, 70 anos, exerce desde os anos 1960. Depois da “glória” e da fama como “pai-de-santo”, respeitado por muitos, e temido por outros, por sua capacidade mediúnica de cura e de maldição, hoje leva uma vida simples,  mas se diz em paz com Deus e a consciência, na mesma sapataria, de onde recorda momentos dramáticos pelos quais passou como escravo de espíritos.

Sua  vida sofreu  altos e baixos, da prosperidade à pobreza, e quase morreu desenganado pelos médicos de uma doença não revelada em diagnósticos. Aos 18 anos, após a entrega de materiais num centro de Umbanda e Candomblé, teve contato pela primeira vez com essa religião afro-brasileira. “Ao entrar no local, depois da insistência de um amigo, senti algo estranho. Ao som dos atabaques comecei a saltar como nunca, dava cambalhotas, mas naquele momento eu já estava possuído por um espírito. Eu percebia tudo o que acontecia, mas eu não tinha o controle do meu corpo. Acontecia sem eu querer” – revelou.

Angelim afirmou ter sido criado numa família religiosa católica que mais tarde converteu-se à Igreja Adventista do Sétimo Dia. “Quando essa experiência aconteceu comigo, eu era da igreja e foi assim que me afastei”.

No terreiro ele passou a ser respeitado pelos espíritos, e foi lá que tomou bebida alcoólica pela primeira vez ao incorporar  espírito de “Zé Pelintra”. “Eu comecei a ser procurado, porque eu dizia o  nome  das pessoas e o que elas  foram  fazer lá. Falava coisas sobre a vida delas que ficavam maravilhadas. Eu também curava muita gente” – explicou.


Dom de Cura

Angelim era procurado, principalmente, por seu dom de cura. “Eu curava desde quebraduras de animais a doenças graves” – afirmou. Ele se recorda de quando uma vez foi chamado para salvar cerca de 300 ovelhas de um incêndio que se alastrava pelo pasto. “Eu benzia fogo. Naquele momento em que fui chamado, invoquei os poderes e o fogo parou. Queimou tudo em volta, mas o local onde estavam as ovelhas foi protegido. O dono dos animais ficou maravilhado. Com isso minha fama crescia cada vez mais”.  O ex-“pai-de-Santo”, hoje converso ao cristianismo, porém, fez um alerta, afirmando que o diabo trabalha iludindo as pessoas. “Ele coloca a doença e ele mesmo tira, para as pessoas acharem que aquele é o caminho certo; a maneira de o diabo curar imita com muita perfeição a cura divina. Só quem testa o espírito é capaz de discernir, e  poucos  tem o conhecimento da palavra de Deus para diferenciar”.


Mergulhando no abismo

Foi  com o reconhecimento de médiuns no terreiro em que frequentava,  que pouco tempo depois recebeu uma carta orientando-o a abrir um centro e tornar-se “pai-de-santo”. Ele já havia feito “cabeça”, tomado banho se sangue de bode, como um ritual de pacto com os espíritos. Assim ele prosperou como um simples sapateiro e “pai-de santo”. “O dinheiro para o meu sustento vinha apenas do meu ofício de consertador de sapatos. Não cobrava um centavo das consultas que eu dava, por orientação dos espíritos”, revelando que era procurado por políticos famosos do Estado do Paraná e de pessoas da alta sociedade que vinham  em busca de conselhos ou de outros trabalhos. “Eu prosperei. Aparecia serviço não sei de onde em minha oficina. Comprei muitas propriedades e cheguei a ter dezesseis carros no pátio de minha casa. Eu trabalhava sozinho na oficina e dava conta de todos os serviços porque de madrugada, os espíritos vinham para me ajudar. Amanhecia tudo pronto; sapatos engraxados nas prateleiras”- disse, acrescentando  que  tornou-se um escravo e não sentia paz. Mesmo sendo usado pelo espírito do mal, o Espírito Santo o incomodava, estabelecendo-se um conflito quase que permanente o que aumentava seu sofrimento.  “Foram 30 anos sem beber água, sem comer uma fruta, sem sentir prazer em nada; fumava cachimbo e charuto e mais 70 cigarros por dia; emagreci muito e usava uma barba enorme por ordem dos espíritos”.


À beira da morte

Foi à beira da morte que ele começou a retomar sua vida e buscar a liberdade que teve antes de cair nos laços do diabo. “Quando eu decidi voltar para Cristo, o diabo disse que tiraria a minha vida. Fiquei com medo e adiei minha decisão; mas o espírito santo me incomodava. Cheguei até ver um anjo com um livro na mão, dizendo que meu nome não estava lá” – recorda.  Foi depois de sua decisão que caiu doente sem que os médicos descobrissem o mal que ele sofria. “Não tenho estômago, perdi o rim, e vivo hoje por Deus”- regozija-se. Angelim afirmou ter sofrido perdas de todos os seus bens que adquiriu na época em que era “pai-de santo”. Segundo ele, tudo foi se acabando de maneira misteriosa, assim como foi a conquista dos bens. “Foi  um momento de dura prova para mim, porque não apareciam mais trabalhos na minha sapataria. Minha máquina ficou parada por seis meses sem ter o que fazer e eu sempre em oração a Deus para sustentar a minha fé; mas Deus nunca me deixou passar fome com a minha família. O necessário, nunca nos faltou”.

“Se hoje eu estou aqui é porque  Deus me sustentou, porque as tentações foram muitas. Havia um conflito entre o material e o espiritual. Mas Deus saiu vencedor em minha vida”.

Fonte : Blog Do Elias Teixeira

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