Trabalhar após a aposentadoria

Muita gente vive sonhando com o dia da tão desejada aposentadoria. Alguns contam os dias e esperam ansiosamente o momento de viver de pernas para o ar. Mas, quando essa hora chega, acaba não acontecendo exatamente como sempre planejou. Ou é o dinheiro, que é muito pouco, não dá para sustentar a casa e suas despesas mensais ou não se adaptou ao ritmo de ficar sem fazer nada.

Por isso, muitas pessoas, ao se aposentarem, continuam trabalhando.“Esta situação pode acontecer por alguns motivos. Entre eles, porque mais pessoas estão chegando a essa fase, mas buscam a continuidade de uma atividade profissional, nem sempre no mesmo ritmo, mas para continuarem ativos e úteis de alguma forma. Outro motivo é porque uma parcela da população chega nessa fase sem necessariamente ter uma reserva financeira adequada e a continuidade da atividade profissional passa a ser uma premência financeira”, explica o diretor de projetos da Carreer Center, economista e especialista em Gestão de RH, Fernando Dias.

Ainda de acordo com ele, é válida essa continuação do trabalho, mas é preciso prestar atenção à qualidade de vida. “O ideal seria identificar uma atividade ou oportunidade que possibilite um maior controle do tempo e que possa ter a agenda nas mãos da própria pessoa: eventualmente uma atividade de meio período ou de dedicação não integral, procurando equilibrar mais as diversas dimensões da vida”, aponta o especialista.

Foi o que aconteceu com Ana Rowe e sua sócia Marilza Damasceno. As duas, depois de aposentadas, resolveram aceitar o desafio de abrir um negócio próprio. “Acho que o pensamento de parar completamente nunca passou pela nossa cabeça. Viemos de famílias pobres e trabalhamos desde cedo. Nos sentimos ainda cheias de energia e ideias. Além disso, a renda da aposentadoria é insuficiente e precisávamos de uma forma de obter uma renda complementar”, revela Ana que, após 35 anos trabalhando com informática, abriu a grife de roupas Ana e Iza Simplesmente - Homewear e Sleepwear.

Trabalhar em casa pode ser um bom negócio para quem não quer ficar sem fazer nada. “Desde que a pessoa tenha a disciplina necessária para não misturar as coisas. Não exagerando na dose de trabalho, bem como não deixando as questões domésticas interferirem na sua atividade profissional”, avalia Fernando Dias.

Para a agora empresária, trabalhar após a aposentadora tem lhe trazido muito mais do que propriamente dinheiro e trabalho. “Eu acho que é tudo de bom! Antídoto contra o 'emburrecimento', contra a depressão. Os neurônios precisam estar funcionando e nada melhor que novos desafios”, destaca Ana.

Quem também concorda com isso é o empresário José Caetano, de 61 anos. Aposentado, ele também prefere continuar com a rotina de trabalho. “Não me vejo parado, sem fazer nada. Viajo, faço minha academia, mas continuo com minha rotina normal”, conta José, que mantém as oito horas diárias de trabalho por dia.

A vida profissional pós-aposentadoria também tem suas desvantagens. “Podemos citar o fato de que aposentados poderiam dedicar esse tempo a outras atividades que tragam maior qualidade de vida e realização pessoal nessa fase da vida”, pontua o especialista.