Eu sou a dor

Tenho minha tarefa. Sem minha presença aconteceriam os fatos mais absurdos, os exageros mais extravagantes. Sem minha presença o homem morreria sem perceber. Eu sou a dor de cabeça, a dor de fígado, de estômago para dizer que alguma coisa está errada no organismo.
Eu sou o cansaço que impede de trabalhar mais do que o permitido, pois sem as dores musculares o homem se tornaria um trapo sem perceber. Eu sou a amiga que adverte o bêbado que caiu no chão, sou a amiga do comilão que abusou do apetite, sou a amiga do drogado que sentiu o cansaço físico.
Eu sou uma advertência. Sou o alerta que avisa quando se aproxima o perigo. Quando me manifesto é porque algo está acontecendo de errado. Não sou vingativa. Sou amiga. Apenas venho de mansinho para prevenir da morte.
Eu sou a dor e tenho muitos nomes. Tenho o nome de tristeza, de angústia, de fossa, de mal-estar, de enxaqueca, de ansiedade. Tenho muitos nomes, mas sempre sou dor. Dor física, dor psíquica, dor moral.
Quando meu nome é tristeza, chego para advertir que nem tudo está bem. Poderá ser falta de amor, falta de compreensão, falta de sentido da vida…
Quando meu nome é solidão, chego para advertir que ninguém é feito para viver isolado, que todo coração humano deseja amar e ser amado, que todos são feitos para a convivência.
Eu gostaria de ter nomes. Gostaria de ter o nome de paz, de felicidade, de harmonia… mas, até que existirem coisas erradas, até que os homens tiverem um comportamento errado, até que existirem pessoas que não vivem segundo a natureza humana, mas querem viver uma outra vida, uma vida artificial, uma vida complicada, meu nome será tristeza, solidão, dor de cabeça, dor de fígado e tantos outros nomes.
Um dia terei uma alegria. Não existirei mais. Não farei mais parte da humanidade. Um dia não haverá mais lágrimas, não haverá mais tristezas… e eu serei feliz também. Serei feliz porque pude ser um instrumento de advertência, um sinal de alerta. Serei feliz porque terei feito outros felizes. Já estou sentindo agora a felicidade de servir. Minha missão é servir. E para quem me aceita sou caminho de paz.
(Autoria desconhecida)
Fonte : Amilton Menesez
Category: Meditação