O amor invisível que aquece
Aconteceu há alguns anos. Era inverno. Eu tinha tentado, com seriedade, entregar a Deus a chave de meu futuro. No meio da noite, uma de nossas filhas gritou na escuridão:
- Papaaaaiii!
Fiquei surpreso, porque as crianças sempre chamavam a mãe. Mas levantei-me, cambaleei até o quarto de minha filha e carreguei-a para o banheiro… Sua cabeça pendeu um pouco para um lado. Ela firmou a cabeça, sem acordar completamente. Olhando-lhe o rosto macio, os olhos fechados e o cabelo louro comprido e meio despenteado, fui tomado por um enorme sentimento de amor e gratidão a Deus por aquela garotinha. Beijei-a de leve no nariz e pensei:
- Algum dia eu e você nos lembraremos desta noite, como um momento de grande proximidade entre nós.
Imaginei nossa conversa sobre “aquela noite, quando ela era pequena”. Mas, então, percebi que ela não se lembraria daquela união entre nós, porque estivera dormindo durante todo o tempo em que eu a segurei. Mas, embora ela não estivesse acordada e não tivesse como se lembrar, meu amor por ela havia, de algum modo, preenchido e alterado a minha vida, enquanto eu, silenciosamente, cuidava dela naquela longa noite de inverno.
Levei-a de volta para a cama, ajeitei as cobertas em torno dela e dei-lhe um beijo. Então, pensei que essa seja, talvez, uma das razões pelas quais a história do cristianismo vale a pena para Deus,apesar de nossa estranha falta de consciência da presença dEle. Vi que Ele sempre este comigo, amando-me e ajudando-me das formas mais corriqueiras. Ele não me abandonou nem durante as longas noites de dúvida, quando eu estava espiritualmente adormecido, esquecido de Sua presença. Mas, mesmo naqueles momentos em que eu estive menos disposto a responder-Lhe, Seu amor por mim aqueceu Sua vida… assim como meu amor por minha garotinha aqueceu a minha vida.
(Escrito por Keith Miller)
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