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Sete Conselhos para Inimigos

Radio Advento | 7:05 AM |


Você já passou por uma profunda angústia? Já teve um filho revoltado contra a sua autoridade? Já teve inimigos fortes contra si mesmo, e não sabia o que fazer?
O salmista Davi ao escrever o Salmo 4, tinha como fundo sua fuga do palácio, estava sendo perseguido pelo seu filho Absalão, que liderava uma multidão que conspirava contra ele para destroná-lo, levando-o à morte.
Mas Davi tem 7 Conselhos, 7 Imperativos para dar a seus inimigos. Neste salmo, ele está falando para Deus; falando para homens e  falando de si mesmo.

I – FALANDO PARA DEUS (v. 1)
Davi fala para Deus e suplica: “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça” (v. 1).
1 – Davi se encontrava em angústia. Ele tem um histórico contínuo em que Deus o aliviou de suas angústias passadas. Isso indica duas coisas: (1) Davi era um homem muito atribulado e (2) Deus sempre o livrava das suas tribulações. Baseado nisso, ele pede a Deus que o livre novamente da angústia pela qual passava no momento em que escrevia este salmo.
Sabemos que muitas vezes somos atribulados, com privações, e sofrimentos, e com muitas angústias que são partes de nossa vida. Mas muitas vezes não nos lembramos de ler a Bíblia e rever como Deus livrava aos homens do passado, com a mesma prontidão com que há de nos atender a nós também. Disse o Senhor Jesus Cristo que não vivemos em um mar de rosas ao se expressar desse modo: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16:33). Ele nos advertiu que haveremos de passar por situações aflitivas, para que não desanimássemos quando elas chegassem. Assim como Ele socorreu a Davi, no passado, hoje Ele também pode nos ajudar a sairmos aliviados de nossas angústias, porque Ele já passou por isso pessoalmente.
2 – Davi se dirige ao Senhor como “Deus da minha justiça”. Esta é uma expressão singular, e é a única vez que aparece em toda a Bíblia. Os cristãos tem se dirigido a Deus como “Deus Salvador”, “Deus de amor”, “Deus do Céu”, “Deus excelso”; mas é admirável Davi se dirigir a Deus como “Deus da minha justiça”.
Lutero ansiava muito compreender a mensagem de Paulo aos Romanos, mas havia um problema. Ele o descreve assim: “Nada me impedia o caminho, senão a expressão: ‘justiça de Deus’, porque a entendia como se referindo àquela jus­tiça pela qual Deus é justo e age com justiça quando pune os injustos … Noite e dia eu refletia até que … captei a verdade de que a justiça de Deus é aquela justiça pela qual, mediante a graça e a pura misericórdia, Ele nos justifica pela fé. Daí por diante, senti-me renascer e atravessar os portais abertos do Paraíso. Toda a Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes ‘a justiça de Deus’ me enchia de ódio, agora se me tornava indizivelmente bela e me enchia de maior amor. Esta passagem [Rm 1:17] veio a ser para mim uma porta para o Céu.” (Obras de Lutero, vol. 54, p. 179ss.).
3 – Davi pede misericórdia: “tem misericórdia de mim!” é a sua oração que ele deseja ver ouvida. Davi pede misericórdia ao Deus da justiça. Não parece contraditório? Mas é porque ele confia na justiça de Deus que ele pede a misericórdia. Se quisermos salvação, pedimos primeiro a misericórdia, porque tememos a justiça. Mas se já fomos salvos, confiamos na justiça, para que se manifeste a misericórdia para conosco na aplicação da justiça sobre os que estão nos acusando injustamente. Este era o problema do salmista.
4 – Por que Davi pedia misericórdia? Porque necessitava de justiça. Ele havia sido julgado temerária e implacavelmente por falsos amigos, que falavam mal dele, expondo a sua reputação ao ridículo. De acordo com o salmo 2, os seus patrícios traidores zombavam dele, dizendo que ele não tinha mais salvação, que ele estava completamente perdido (Sl 2:2). Portanto, nada melhor do que clamar por misericórdia ao Deus da justiça.
II – FALANDO PARA HOMENS (v. 2-5)
1 – Davi faz uma pergunta retórica aos homens, como se estivessem diante dele: “Ó homens, até quando tornareis a minha glória em vexame, e amareis a vaidade, e buscareis a mentira?” Aqui ele apresenta o seu problema real, aqui está o conteúdo de sua angústia. Ele estava sendo humilhado, afrontado, afligido por muitos que zombavam de sua primitiva glória. Eram os seus inimigos que se baseavam na vaidade e na mentira.
Muitos há que não se importam com a reputação dos outros e falam mal deles, sem conhecer os fatos, propalando mentiras. A mentira sobre o caráter e procedimento dos outros é um veneno cruel que só pode produzir mais angústia sobre as suas pobres vítimas, muitas vezes indefesas. Mas é um veneno danoso também para os próprios autores da acusação.
2 – Davi sugere 7 imperativos que os seus inimigos deviam praticar (V. 3-5). Esses homens difamaram a reputação do salmista; apegaram-se a vãs maquinações e prosperaram à custa de falsidades. Agora, são aconselhados pelo salmista, a fim de que possam ter mais êxito, sem prejudicar os outros. Ainda podiam repensar e se arrepender, deixando a revolta de Absalão. Mas também há lições para nós. Assim devemos agir, quando somos tentados a nos rebelar contra um servo de Deus:
(1) Sabei. A sabedoria é uma jóia, o conhecimento é necessário, a inteligência é indispensável. O que eles deviam saber? Que Deus é justo e faz distinção entre aquele que o serve e aquele que não o serve. Ele distingue para Si o “piedoso”. Piedoso é aquele que tem piedade, respeito pelas coisas religiosas, temor e respeito para com Deus.
Assim era o salmista, e por isso ele podia dizer que Deus o ouvia quando clamava por Ele. Que eles considerem de novo que aquele que ama a Deus e a quem o Senhor escolhe é guardado por Ele (v. 3a) e será ouvido por Ele em qualquer emergência (v. 3b). Pode ser que aquele a quem estamos perseguindo seja mui amado de Deus e, portanto, protegido. O que diríamos nós diante do Soberano de toda a Terra, ao nos achar perseguindo um de Seus servos? Como ficaria uma ursa roubada de seus filhos?
(2) Irai-vos. A versão antiga diz: “Perturbai-vos”. Entretanto, a palavra hebraica original (râgaz) se traduz melhor, como dizem as versões estrangeiras, como “Tremei”. Davi não estava aconselhando que os seus inimigos ficassem irados, porque isso seria um absurdo, mas que tremessem diante da ideia de perseguir o ungido de Deus! Eles deveriam temer o curso que estavam seguindo, considerar as consequências, a fim de voltar de suas ideias homicidas, e tornar à razão.
De fato, perseguir ou causar dano a um ungido de Deus era algo a se temer. Isso aconteceu com o próprio Davi. Ele estava escondido numa caverna com os seus homens, e se achegou ao rei Saul, e Davi furtivamente, lhe cortou a orla do manto, mas logo sentiu o seu coração bater descompassado. E disse: “O Senhor me guarde de que… eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor” “… pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor e fique inocente?” (1Sm 24:5-6; 26:9). Mas o que diríamos de pessoas em nosso tempo que estão difamando e perseguindo pastores? Não seria de se temer e tremer?
(3) Não pequeis. Salomão disse que “não há homem que não peque” (2Cr 6:36), mas Davi relaciona isso ao temor, como um antídoto para não pecar. Quando o povo de Israel presenciou aos trovões e relâmpagos do Sinai, quando a Lei dos Dez Mandamentos foi dada, disseram atemorizados a Moisés que ele lhes falasse, e não Deus, porque estavam tremendo diante do Seu poder e majestade, com medo da morte. Foi aí que Moisés replicou, dizendo: “Deus veio para vos provar e para que o Seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis.” (Êx 20:20). “Filhinhos meus”, disse o apóstolo João “estas coisas vos escrevo para que não pequeis!” (1Jo 2:1). Se alguém quer saber o que fazer para não pecar, aqui está o antídoto para o pecado: o temor de Deus vai nos livrar de pecar.
(4) Consultai. Consultar o coração no travesseiro indica a meditação que temos de fazer, já na cama, antes de pegar no sono, examinando a nossa consciência, perscrutando os nossos caminhos, a ver se andamos retamente, ou se há algum caminho mau que devemos abandonar. Temos que fazer um exame de consciência; temos que consultar o nosso coração em sinceridade. Quais são os nossos planos? Temos ajudado o próximo? Temos iluminado aos que jazem nas trevas do pecado? Ou temos prejudicado a alguém com nossas palavras? Temos falado bem dos outros? Qual é a nossa influência sobre as pessoas, boa ou danosa? O que fazemos para enaltecer a reputação dos semelhantes?
(5) Sossegai. Quando perguntarmos algo à nossa consciência, estejamos sérios, calados e esperemos uma resposta. Não abramos a nossa boca para escusar o pecado; não é hora de falar, é hora de calar e sossegar. Não devemos racionalizar, mas deixemos a razão prevalecer, a fim de chegarmos à verdade sobre a nossa vida e o nosso procedimento. Nossa consciência, quando está afinada pela Palavra de Deus, será segura para nos dar uma orientação correta de nossos atos e teremos a oportunidade de nos arrepender de nossas faltas e corrigi-las. Temos que aprender a sossegar e aquietar-nos diante da imposição da consciência orientada pela soberania do Espírito Santo.
(6) Oferecei. O 6º imperativo é uma ordem para oferecer “sacrifícios de justiça”. O que significa isso? Aqueles homens estavam sendo injustos para com Davi, e ele os leva a se apresentar diante de um Deus justo com sacrifícios de justiça em suas mãos. A linguagem lembra o santuário e seus sacrifícios; os seus inimigos deviam apresentar sacrifícios adequados e saber que a sua causa era injusta, na revolta de Absalão, e ainda tinham tempo para se arrepender. Os seus atos deviam ser atos de justiça, seguindo os seus sacrifícios, para que fossem aceitos. Portanto, nosso culto a Deus deve ser coerente com a reta justiça, ou não será aceito (Mt 5:23-24).
(7) Confiai. Davi tinha muita esperança de que aqueles homens que estavam seguindo a rebelião haveriam de se arrepender, abandonar os seus maus caminhos e voltar-se para Deus. Ele ainda lhes dá a maior chance, a sua maior oportunidade: “Confiai no Senhor”. A confiança em Deus traz a maior vitória. Norteia a nossa vida. Desfaz todos os enganos e traições. Mostra o caminho da sabedoria que temos a palmilhar. A confiança em Deus nos traz a salvação por toda a eternidade. Ele nunca nos decepciona.
CONCLUSÃO
Certa vez, um navio estava sendo açoitado por um tremendo temporal, e os passageiros em pânico viam a possibilidade de um iminente naufrágio, e aterrorizados contemplavam o horizonte na esperança de um socorro ou de uma mudança do vento. Porém, tudo parecia sombrio! E eles pasmados contemplaram uma menina que, indiferente ao perigo, brincava no tombadilho da embarcação.
Um dos passageiros, assombrado diante de tão grande indiferença face ao perigo, perguntou: “Menina, você não teme a tempestade? Não se apercebe do perigo a que estamos sujeitos? Você não vê que corremos todos nós risco de vida?” Ela contemplou aquele senhor de maneira calma e serena, e respondeu laconicamente: “Meu pai está ao leme!” Era a filha do piloto. Ela conhecia a destreza de seu pai; ela possuía confiança na habilidade daquele velho piloto do mar.
Confiemos em nosso poderoso Deus, mesmo em meio a uma terrível tempestade, em nossa vida. Ele está ao leme. Ele conduz a nossa frágil embarcação através das procelas de nossa existência e, confiados em Sua direção, haveremos de chegar às praias alvacentas da eternidade.

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