Adventista lidera lançamento de plano nacional para deficientes
Os olhos de Odercy de Melo Araújo Rodor brilham quando ela se lembra do trabalho pioneiro com surdos na capital federal no início dos anos 90. Impulsionada pelo apoio de outro precursor, o padre italiano Giuseppe Rinaldi - que afirmar ser o primeiro intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em Brasília – Odercy era uma das que assistia atenta ao lançamento do Plano Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência, realizado em cerimônia no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (17) com a presença de ministros de Estado, deputados federais, senadores e da presidente da República, Dilma Rousseff, além do secretário nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Antônio Ferreira. Além do grupo de surdos adventistas do DF, marcaram presença líderes adventistas da sede sul-americana e da sede do Distrito Federal.
O anúncio de mais de sete bilhões de Reais em investimentos, até 2014, na melhoria de qualidade de vida das pessoas com deficiência em vários aspectos da vida trouxe alento a Odercy. Não apenas a ela, mas a dezenas de outros líderes que trabalham com instituições de apoio a esse grupo que hoje representa quase 24% da população brasileira. Odercy e Giuseppe (mais conhecido como José) relatam que foi necessário quebrar muitos preconceitos e barreiras para se atender de uma maneira digna as pessoas com surdez. Padre José hoje mantém um centro de atendimento especializado na capital federal com mais de 300 beneficiados diretos, sem falar nas famílias que também são apoiadas. Em seu centro, há tratamentos especializados e uso de tecnologia de ponta que permite, no caso de crianças em tenra idade, recuperarem boa parte da audição e ter uma vida praticamente sem deficiência. Já Odercy, adventista do sétimo dia, preferiu seguir uma linha de apoio mais espiritual e social aos surdos. Um dos seus grandes méritos é promover a capacitação de intérpretes de LIBRAS. Inclusive foi pioneira no preparo de pessoas para essa função em escolas públicas do Distrito Federal. Do grande grupo de surdos adventistas, dos anos 90, formaram-se subgrupos em cidades satélites, corais de LIBRAS e hoje em torno de 15 pessoas são atendidas no DF com orientação bíblica, visitação, envolvimento em atividades como música, entre outras. “Queremos ampliar o que chamamos de evangelismo com os surdos. Temos o objetivo de abrir cinco novos grupos de surdos em outras cidades ainda sem uma atuação assim aqui no Distrito Federal”, comenta Odercy. Plano integral – Um dos responsáveis diretos pela elaboração do Plano Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência é Antônio Ferreira, secretário nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Em seu discurso, ele ressaltou investimentos integrados de vários ministérios nas áreas de educação, acessibilidade, inclusão social e qualificação profissional. Disse, por exemplo, que a pretensão do Governo Federal é tornar acessíveis aos deficientes 42 mil escolas públicas brasileiras, capacitar milhares de intérpretes para atuar em instituições de ensino superior, aumentar as ajudas financeiras e facilitar financiamentos para pessoas com deficiência, entre outros avanços. Em Campinas, um investimento na ordem de 12 milhões de Reais deve garantir a criação de um centro de pesquisas para tecnologias que auxiliem esse público. A ministra-chefe da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, ressaltou que “os limites são aquelas barreiras colocadas à frente das pessoas”. Já a presidente Dilma Rousseff chegou a se emocionar no início do discurso, falando de duas crianças com deficiência filhas de deputados federais. “Estamos aqui hoje também para reforçar e ampliar um dos compromissos mais profundos do nosso governo que é a luta contra a desigualdade e a favor da oportunidade para todos”, afirmou a presidente. FOnte: [Equipe ASN, Felipe Lemos] |
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