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Os desafios do comunicador Adventista

Radio Advento | 7:51 AM |

Quando cheguei a Governador Valadares, cidade do Vale do Rio Doce,
no leste mineiro, não imaginava a importância do trabalho que realizaria, através da
Rádio Novo Tempo. Foram nove horas e meia de ônibus do terminal rodoviário Novo
Rio, no Rio de Janeiro, até o terminal daquela cidade, quando descarreguei a pequena
bagagem com algumas poucas peças de roupa no quarto de um pequeno hotel, que
ficava atrás da prefeitura. Fazia muito calor naquela noite de Agosto de 1996. Foi nessa
rádio, que Deus usou-me para ser útil às pessoas com o programa que assumi. Alguns
casos me marcaram bastante e, pude, com isso, ter a confirmação de que o papel do
comunicador Adventista, vai muito além de um trabalho profissional artístico. Isso
sobrepõe a voz, o dinamismo e o carisma, característicos de um locutor apresentador.
Os primeiros sinais de alerta que inclinaram-me a decidir deixar o rádio secular, em
1994, depois de cinco anos de atividade na Rádio Mauá Solimões-AM, na cidade de
Nova Iguaçu-RJ, fizeram-me perceber que, dificilmente, nossa fé é compreendida -
ainda que respeitada - diante do contraste do que cremos com o que devemos fazer, por
uma obrigação profissional. Nesse contexto, a vida espiritual é posta numa espécie de
arena, em que nossas convicções são desafiadas a todo instante. O choque entre o que
acreditamos e o que fazemos, pode ser decisivo para a expressão do testemunho pessoal.
Ao recusar-me à solicitação para determinado trabalho que contrastava com a
consciência dos meus valores espirituais, por outro lado, moralmente e
profissionalmente, não estava sendo justo com meus empregadores.
A plástica utilizada, a tecnologia empregada, os formatos de programas e seus
personagens, incluindo as características de suas chamadas, vinhetas e cenários,
linguagem, apelos e objetivos, não devem ser diferentes da mensagem que defendemos.
Som e imagem; a linguagem - seja ela verbal, sonora ou corporal - também
comunicam, e não devem ser destoantes e divergentes da fé que abraçamos.
A nova geração de profissionais comunicadores de rádio e televisão, Adventistas,
muitos deles, obtendo a primeira experiência nesses veículos, devem ter informação e
conhecimento necessários sobre o papel a desempenhar em todos os âmbitos que a
atividade requer e, mais profundamente, estar afinada com os propósitos da Igreja. É
preciso saber em que fonte nos respaldamos, e quais parâmetros utilizamos para o
exercício da atividade profissional ou missionária, no campo institucional. Uma
referência secularizada, jamais deverá ser o nosso “espelho”. O entretenimento, muito
bem vindo na grade de programação, não deverá ter mais importância que a sobriedade
e a clareza da mensagem. Os antigos ideais dos pioneiros da comunicação Adventista,
não deverão ser sufocados pelo dinamismo sem propósito. O espírito jovial, tão
requisitado para conquistar o público, não deve ignorar a maturidade que possibilite
avaliar as situações diversas do ouvinte, tornando-se um ponto de apoio espiritual. Não
deverá gastar mais tempo com a interatividade e divertimento com o ouvinte, sem a
finalidade de despertar no público o interesse pela mensagem que transforma vidas. Não
deverá preocupar-se com modismos dos conceitos dominantes, nos aspectos sociais,
ambientais e políticos, sem demonstrar espírito proativo na promoção da verdade, dando
um passo além do factual e comum - que os meios de comunicação seculares fazem, até
mesmo com maior investimento e visibilidade.
Os meios de comunicação de massa tornam-se verdadeiras vitrines, pelas quais somos
expostos e imprimimos a mensagem que defendemos. A postura que adotamos, é a
medida com a qual somos medidos. Se não dermos atenção a esses pontos, corremos
sério risco de tornarmo-nos multiplicadores de idéias contraditórias, fazendo nossos
esforços parecerem vãos, sem o efeito que desejamos alcançar. Os comunicadores
Adventistas não tem rivais, pois não pretendem disputa de audiência contra outras
emissoras. Esses, não adotam a idéia de promover-se, mas a de ofertar-se como servos
da obra de Deus. É esse espírito de serviço e missão, que responde aos anseios de quem
busca algo diferenciado, pela essência da mensagem transmitida. Essa diferença é
notória pelo impacto inicial que experimenta todo aquele que entra em contato com os
nossos meios de comunicação.
Elias Teixeira

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